Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

30 outubro 2006

Não havia necessidade...

Encontrei aqui uma ligação para Ms Dewey, um motor de busca em que a pesquisa é "conduzida" por uma bibliotecária (?!?!?) virtual que nos acolhe e nos convida a pesquisar. Convidar, neste caso, é um eufemismo. A senhora tem o sugestivo nome de Ms. Dewey (não sei o que Mr. Dewey pensará disso, lá onde estiver...) e - não obstante a velha imagem da bibliotecária de carrapito e óculos na ponta do nariz já ser do passado - bom... a questão é: precisavam de pôr uma mistura de Bond girl com Anjo de Charlie ao balcão virtual da biblioteca? Uma pessoa até fica a temer pela própria integridade física se não fizer uma pesquisa já, rapidamente e em força... Não havia necessidade.

Exibidas pela polícia, obras raras rasgam durante entrevista

Tirado daqui

RICARDO GALLO
da Folha de S.Paulo (27/10/2006 - 09h14)

«Após serem recuperadas pela polícia quase dez meses depois de furtadas, duas obras históricas - um manuscrito de 1791 de Dona Maria 1ª, a "rainha louca", e o livro "Ornithologie Brésilienne", do naturista francês Jean-Théodore Descourtilz, de 1855 - foram parcialmente danificadas após serem expostas em um sofá, por um delegado, e manuseadas por uma dezena de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos.

«O material foi exibido, na manhã de ontem, na sala da Delegacia Seccional Centro durante cerca de uma hora. Em torno do sofá ficaram os jornalistas --mais de dez deles ao mesmo tempo. O livro e o manuscrito eram virados com freqüência para permitir o melhor enquadramento. "Cuidado", dizia, de tempos em tempos, o delegado Fernando Gomes Pires.

«Por volta de meio-dia, repórteres de TV pediram para mudar os livros de lugar, para permitir a entrada ao vivo no ar. A obra "Ornithologie" e o manuscrito foram, então, levados para fora da sala. Cinegrafistas manuseavam indiscriminadamente as obras centenárias.

«Antes do fim da entrevista, as obras voltaram para o sofá e, de lá, foram colocadas sobre a mesa do delegado. Foi possível ver, sobre o sofá, pedaços de papel soltos do livro e do manuscrito. Um policial civil, então, recolheu os pedaços e os entregou ao delegado.

«O repórter-fotográfico Antônio Gaudério, da Folha, foi um dos que manusearam o material. "Assim como todo mundo, eu mexi nas fotos. Ninguém avisou que não podia tocar no material e isso foi feito na frente do delegado."

«O manuscrito de Dona Maria 1ª foi furtado do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo em dezembro do ano passado e o livro "Ornithologie Brésilienne", da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio no Carnaval. Eles foram recuperados no final de setembro pela polícia, durante investigação sobre uma quadrilha especializada justamente em furtar obras raras.

«A entrevista tratava ainda da recuperação de obras raras do Itamaraty, como um mapa de 1712 com apenas seis exemplares do mundo. Havia, no total, sete mapas e duas alegorias (ilustrações), encontradas no casebre de um caseiro desempregado na zona sul de São Paulo.

Danos irreversíveis

«Para uma especialista consultada pela Folha, o manuseio causa danos irreversíveis ao papel porque o contamina com nicotina, gordura e sujeira, presente nas mãos, o que acelera a degradação das fibras que formam as folhas.

«"Ai meu Deus! Eu teria gritado [se visse a cena]. Que crime!", disse a chefe do laboratório de restauração do Arquivo Histórico Municipal, Maria Isabel Garcia. "Para preservar tem que ter luva, máscara. Se estiver sem luva, coloca nicotina, sujeira e gordura, que são irremovíveis e atuam na degradação do papel." Segundo ela, o descuido também acelera o esfarelamento do papel, pois danifica as fibras que o compõem. Outro erro está em dispor as obras sobre um sofá - laboratórios de restauro contam com um suporte especial, que separa a capa das folhas do livro.

«"[Manusear sem luvas] Não é o procedimento de consultas a obra raras", disse, de modo polido, Angela Âncora da Luz, diretora da Escola de Belas Artes da UFRJ. Ela chega hoje a São Paulo para retirar "Ornithologie Brésilienne". Luz quer avaliar primeiro a obra, que contém 48 estampas coloridas, antes de atribuir o dano à polícia.»

Ler mais: Imprensa parecia urubu, diz delegado

27 outubro 2006

"Torre do Tombo" durante 628 anos

Extraído daqui. Os negritos são meus.

«A história da Torre do Tombo remonta, pelo menos, aos finais da Idade Média. Com efeito, desde 1378 que o principal arquivo português se denomina Torre do Tombo, e assim é conhecido em todo o mundo, onde é, justamente, considerado um dos mais antigos e valiosos arquivos nacionais. A origem deste nome tão singular prende-se com o facto de os principais documentos que o rei mandava guardar - o Recabedo Regni, ou Livro do Tombo, onde se registavam as suas propriedades e direitos - se conservarem numa torre, a torre albarrã, do castelo de São Jorge, em Lisboa.
O nome sempre se manteve, mesmo depois da destruição da referida torre, por ocasião do terramoto de 1755, e da transferência do arquivo para o mosteiro de S. Bento, actual edifício da Assembleia da República, onde permaneceu, a título "provisório", até aos finais do século XX. Nem mesmo quando, em 1990, o Arquivo Nacional foi finalmente alojado num edifício especialmente construído para o efeito, na Cidade Universitária de Lisboa, ou quando, na mesma década, as suas competências foram reformuladas e alargadas, o nome original de Torre do Tombo foi abandonado, respeitando assim uma história e uma identidade com mais de 600 anos.
(...)
No século XIX a Torre do Tombo assumiu as características de Arquivo Nacional (...). Ao sabor das flutuações políticas, atravessaria todo o século de Oitocentos (...) até se fixar definitivamente em Arquivo Nacional da Torre do Tombo no ano de 1911, logo após a instauração da República.
(...)
Na década de 1990, com a resolução do problema das instalações e as reformulações orgânicas e funcionais acima sumariadas, a Torre do Tombo, entretanto transformada em Instituto dos Arquivos Nacionais, pôde reassumir uma política consistente de incorporações, de intervenção sobre os arquivos correntes e intermédios, de inventariação e descrição dos espólios, de produção de instrumentos técnicos e de normalização arquivística, de abertura ao público e de extensão cultural. (...)
Como nota final de curiosidade, refira-se que sendo uma instituição com uma longa história, maior do que a da maioria dos próprios documentos que conserva, a Torre do Tombo, os Arquivos Nacionais, ou, na actual designação oficial, o Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, foram já dirigidos por 57 personalidades, desde o seu primeiro Guarda-mor conhecido, Johane Annes, até à actual Direcção. (Lista dos Guarda-mores).»

(Da Torre do Tombo ao Instituto dos Arquivos Nacionais, no site do IANTT)

24 outubro 2006

Outro plágio desmascarado?

Desta vez não vou falar do plagiador Paulo Sempre. Vou antes divulgar um site anónimo que afirma que o jornalista Miguel Sousa Tavares plagiou um romance no seu famosíssimo "Equador".
Quero deixar claro que não li o "Equador" nem li o livro alegadamente plagiado. Também não tenho especial simpatia ou antipatia pelo Dr. Miguel Sousa Tavares. É-me geralmente indiferente e pontualmente simpático ou antipático. Mas neste site alguém denuncia um plágio. Só comparando as obras se poderá confirmar.
Refiro o site porque o assunto me interessa.
Fico à espera que o Dr. Miguel Sousa Tavares processe os seus difamadores, já que ele garante ao "24 Horas" que o caso «vai ser resolvido em tribunal e à paulada». Pessoalmente, acredito na velha máxima dos escuteiros que diz que «se temos razão, não precisamos de perder a calma, se não temos razão não podemos dar-nos ao luxo de perder a calma». Mas também há um ditado que diz que «quem não se sente não é filho de boa gente» e o Dr. MST é, todos os sabemos, filho de boa gente.
Entretanto, vou ver se comparo as duas obras para confirmar ou infirmar o dito plágio.
Prometo, desde já, solenemente, que o farei logo que tenha tempo. E se verificar que se trata de uma calúnia voltarei aqui para a denunciar. O plágio é um acto demasiado infame para que se façam acusações de ânimo leve; mas a calúnia anónima ultrapassa o plágio, em infâmia.

Plágio desmascarado (16-10-2006)
De novo o plágio (7-10-2006)
O plágio (20-09-2006)

23 outubro 2006

A informação vista pelos bibliotecários

Como eu disse no meu primeiro post, «este é um site de uma bibliotecária mas não necessariamente um site sobre bibliotecas».
Por essa razão - e imitando a biblioteca do Jacinto - procuro abordar aqui todas as temáticas que eu considero actuais ou importantes - ou apenas interessantes - mas sempre com alguma neutralidade de opinião. Nós, bibliotecários, somos treinados a abordar todos os temas com distanciamento profissional. A mim, em particular, enquanto bibliotecária, interessa-me muito mais abordar os temas sob todas as suas facetas, tentar perceber se os problemas estão bem colocados e se a informação disponível é tratada com imparcialidade. Aquilo que nos separa dos jornalistas é muito mais o carácter "oportunista" da notícia do que a forma como tratamos - ou devemos tratar - a informação. Para nós, uma informação que interesse a cem pessoas é tão importante como a que interessa apenas a uma. E temos a plena consciência de que uma informação que interessa a poucas pessoas hoje pode vir a interessar a muitas amanhã. Para nós não há «a ordem do dia». Por essa razão nós não lidamos com o conceito de "importância" mas sim com os conceitos de "relevância", "pertinência" e "exaustividade".

19 outubro 2006

Sobre o referendo ao aborto

Algumas perguntas que eu gostava de ver respondidas relativamente à pergunta do referendo, a saber, «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»:

1ª Pode-se deduzir desta pergunta que, se a IVG for realizada às 10 semanas e um dia, já será penalizada (com processo, julgamento, etc)?

2ª Pode-se deduzir desta pergunta que, se a IVG for realizada nas primeiras 10 semanas, mas em casa, por uma parteira ou até pela própria grávida, já será penalizada (idem)?

3ª Pode-se deduzir desta pergunta que os julgamentos que tem havido (o famoso julgamento da Maia, por exemplo) têm sido em casos que uma nova lei, nos termos propostos, evitaria?
Perguntando a mesma coisa de outra maneira, têm-se julgado casos de IVG realizados nas primeiras 10 semanas?

4ª O que vai acontecer às mulheres que praticarem a IVG fora destas condições (nas primeiras 10 semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado), logo, clandestinamente?

5ª Porque é que se vai a Espanha fazer abortos se a lei espanhola é igual à nossa?
Colocando a mesma pergunta de outra maneira, porque é que em Espanha se fazem abortos legais dentro de um quadro legal idêntico ao nosso?

6ª Pode-se deduzir da pergunta anterior que em Espanha não se cumpre a lei ou é cá que há excesso de zelo?

18 outubro 2006

O caso do Rivoli

Ainda não consegui perceber o que se está a passar no Rivoli. A sério. Não percebo mesmo. Gostava que alguém imparcial me explicasse. Como não tenho televisão, a informação chega-me pela rádio, pelos jornais e pela Internet. Fiz algumas pesquisas e ainda não consegui perceber do que se queixam aqueles que se queixam.

Qual é o problema de privatizar a gestão do Teatro Rivoli? Que perigos advêm para a cultura portuguesa ou para a cultura portuense? É suposto o teatro fechar? Parece que não. Sou completamente neutra em relação ao Senhor Rui Rio, com cuja área partidária nem sequer me identifico. A mesma neutralidade não parece existir da parte dos protestantes (aqueles que protestam...) que mantêm, no blog que o Público abriu a debate, acesos ataques ao autarca. Li o blog todo, em diagonal, e continuei sem perceber. Esta coisa de ocupações, greves de fome, protestos melodramáticos, etc. tem um cheiro a folclore barato que me faz, por puro instinto, desconfiar.

No site da CMP encontrei esta notícia cujo conteúdo passo a resumir em alguns pontos:

1 - A proposta para o novo modelo de gestão do Rivoli Teatro Municipal e do Pavilhão Rosa Mota, prevê que a gestão passe para a esfera privada embora não deixem de estar sob a alçada da autarquia portuense.
Não há, portanto, privatização mas sim concessão.

2 - No último mandato foram transferidos para o teatro Rivoli cerca de 11 milhões de euros, o dobro do que foi direccionado para a reabilitação das escolas básicas(5,5 milhões de euros), e pouco menos do que foi dedicado à acção social.

3 - No caso do Rivoli, será efectuada uma consulta a várias companhias de teatro do país para saber qual delas estará em melhores condições para assumir a gestão do Teatro, respeitando as exigências entretanto definidas pela autarquia portuense.

4 - O Pequeno Auditório continua a servir pequenas companhias, com prioridade para as do Grande Porto.

Nada disto me parece mal. Se alguém me puder esclarecer onde está o problema, agradeço. Pode ser aqui para os "comentários". Não tenho qualquer problema em mudar de ideias...

17 outubro 2006

Museu do Pão

Estive de férias na Serra da Estrela durante a semana passada e, no dia do regresso, ainda tive tempo de passar no Museu do Pão. Foi uma sorte de Sexta-Feira 13! Calhava naquele dia a inauguração de uma interessante exposição temática de fotografias de Artur Pastor (1922-1999) que vai estar patente nos próximos seis meses. As fotografias estão todas relacionadas, directa ou indirectamente, com o trabalho do pão. No evento estiveram presentes a viúva e os dois filhos com os quais conversei e que me forneceram informações sobre este importante mas pouco divulgado fotógrafo, que eu desconhecia.

Até aos anos 50, a sua actividade é essencialmente artística e jornalística, tendo realizado então diversas exposições. Uma boa parte da sua actividade como fotógrafo, porém, foi exercida no âmbito das suas funções públicas, como Engenheiro Técnico Agrário no Ministério da Agricultura. Ao longo de três décadas, foi responsável pela obtenção e organização das mais de 10 000 fotos que compõem a Fototeca da Direcção Geral dos Serviços Agrícolas e colaborou com outros organismos ligados à agricultura como as Juntas Nacionais do Azeite, do Vinho, das Frutas e a Federação Nacional dos Produtores de Trigo.
Como é costume entre funcionários públicos, o seu trabalho acabaria por ser mais recatado e menos (re)conhecido do que o de outros fotógrafos que trabalharam principalmente para jornais. Não obstante, foi-lhe atribuído o grau de Oficial da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe do Mérito Agrícola) e foi regularmente premiado em importantes exposições de fotografia.

O espólio fotográfico (1942-1998) de Artur Pastor foi adquirido em 2001 pelo Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa. Este espólio contém largos milhares de fotografias que retratam, de forma exaustiva, um Portugal que já não existe. Fazem ainda parte deste espólio maquetas de livros sobre Portugal e sobre algumas regiões e cidades portuguesas, com fotografias e textos da sua autoria.

A entrada sobre Artur Pastor na Wikipédia foi escrita pelo seu filho, Luís Pastor, e merece ser lida. Algumas das suas extraordinárias fotografias (ainda em posse da família) estão a ser divulgadas no Abrupto.

Quanto ao Museu do Pão, merece, definitivamente, uma visita. Quem tiver crianças, leve-as. Elas vão adorar.

16 outubro 2006

Plágio desmascarado

A pedido de "várias famílias" e porque acusar sem provas é calúnia:

"Fátima desmascarada [I]": plagiado da Parte I "A velha história de Fátima", Capítulo V "Lúcia é uma histérica mitomaníaca" In Ilharco, João - Fátima desmascarada: a verdade histórica acerca de Fátima documentada com provas. 4ª ed. do Autor. Coimbra: ed. do A., 1971. p. 55-56.
A "Nota" final é transcrita do "Preâmbulo", p. 11 e a frase final desta "Nota" é citada por Ilharco de um artigo de fundo do jornal "O Mensageiro" (30 de Maio de 1917).

"Fátima desmascarada II": plagiado de:
Parte I, Capítulo V, p. 59-62.
Parte II, Capítulo IX, p. 287-288.

"Fátima desmascarada III": plagiado de:
Almeida e Paiva - Liberdade, Ciência e Religião. Apud Ilharco, João - Fátima desmascarada... p. 195
Martindale, C.C. - The message of Fátima. Apud Ilharco, João, idem, ibidem
Só a citação do Papa João XXIII está atribuída, talvez por ser facilmente verificável. Isto demonstra claramente a má fé do autor do blog.
Plagiado ainda da Parte I, Capítulo XII "A dança do Sol na Cova da Iria" In Fátima desmascarada..., p. 125-126 (substituindo apenas "no final do terceiro quartel do Século XX" por "Século XXI").
A suposta citação do Prof. Doutor Moisés Espírito Santo (numa imaginária conversa durante as férias) foi transcrita da Parte II "A nova história de Fátima", Capítulo X "Conclusão" da mesma obra, p. 293-294, e inclui palavras do Papa Paulo VI.

A obra plagiada (2ª ed.) está disponível na Biblioteca Nacional, nas cotas R. 13247 V. e R. 14462 V. e ainda uma 6ª edição, na cota R. 15118 V.

O meu exemplar é da 4ª edição. No final, na página do colofão, o "ex-libris" do autor narra assim: Veritas omnia vincit. Espero que sim!

De novo o plágio (7-10-2006)
O plágio (20-09-2006)

12 outubro 2006

É já amanhã que começa...

... o Colóquio Internacional «Mozart, Marcos Portugal e o seu tempo», no Salão Nobre do Teatro Nacional de São Carlos.

O programa aqui.

07 outubro 2006

De novo o plágio

Recentemente, comprei num alfarrabista - daqueles que costumam estar ao fim-de-semana nas Amoreiras - um livro intitulado «Fátima desmascarada». O autor é João Ilharco, um senhor que escreveu poemas, livros escolares de aritmética e gramática para o ensino primário e, pelo menos, um romance. Penso que já morreu ou deve ser muito idoso pois o seu primeiro título é de 1923. Este livro foi editado pelo autor em 1971, com algumas reedições e depois desapareceu. Parece, não sei se é verdade, que a "pide" o apreendeu. O facto é que nunca mais foi publicado e agora só se encontra em alfarrabistas.
O livro é muito interessante, li-o todo no mesmo dia, apesar das quase 300 páginas. Não está em causa a minha opinião sobre o livro nem se acredito nas aparições, não é disso que quero falar.

Quero falar de plágio. Ao fazer uma pesquisa na net, sob o título do livro, deparei com um blogue contendo três posts precisamente com esse título: «Fátima desmascarada», «Fátima desmascarada II» e «Fátima desmascarada III».
Como a leitura do livro estava bem fresca - tinha-o lido todo na véspera - o conteúdo dos posts soou-me familiar. Reproduziam ipsis verbis parágrafos inteiros do livro de João Ilharco mas sem fazer qualquer referência à fonte. E, para cúmulo, punham na boca do Prof. Moisés Espírito Santo, num suposto diálogo tido com o autor do blogue, frases retiradas, também ipsis verbis, do mesmo livro. Não sei se o Prof. Moisés Espírito Santo sabe disto mas, certamente, se soubesse não iria ficar contente.

Confesso que fiquei bastante incomodada. Irritada mesmo. Não é nada comigo, não fui eu a plagiada, mas o plágio, o acto em si mesmo, causa-me uma enorme perturbação.
Fiz um comentário (assinado Campos Elísios 202) em cada um dos posts, demonstrando ao autor o meu desagrado. Ele apagou os comentários. Insisti, pedindo-lhe que mencionasse a fonte dos textos dele. Ele voltou a apagar. Desisti.

Mais recentemente verifiquei que "escreveu" mais um post sobre o assunto. Já vai no "Fátima desmascarada IV".

Será que autor daquele blog não podia mencionar a fonte? Precisa de roubar aqueles textos - a um homem que, provavelmente, já morreu e não pode reclamar o seu trabalho - para se afirmar? O que é que ganha?

Mais uma vez, não consigo perceber o mecanismo mental do plágio. Haverá estudos psiquiátricos sobre o fenómeno?

Dar uma espreitadela a O plágio (20 setembro 2006)

04 outubro 2006

Eu gosto do Harry Potter!!!


Lido no Entre Estantes:
«Nos últimos 5 anos foram registadas [nos EUA] cerca de 3.000 tentativas para banir diversos títulos de bibliotecas escolares e bibliotecas públicas devido ao seu conteúdo ou em virtude da sua inadequação ao público. Tendo em conta estes números foi criado um TOP com os títulos com maior número de críticas.»

O primeiro da lista é a série Harry Potter, de J.K. Rowling.
Pois eu digo e proclamo: Eu li-os todos, gostei e quero mais! E além disso, acho-os muito educativos. Se alguém quiser saber porquê, eu posso explicar.

03 outubro 2006

Raimundo ataca



Ao ler este post lembrei-me se não teria havido ali mãozinha do Raimundo, o revisor da "História do cerco de Lisboa"...

Um blog excelente

Quem disse que os blogs são coisa recente? Corria o ano de 1871. «Nesta jornada, longa ou curta, vamos sós. Não levamos bandeira nem clarim. Pelo caminho não leremos A Nação nem o Almanach das Cacholetas. Vamos conversando um pouco, rindo muito. [...] Assim vamos. E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal.» Eça de Queirós e Ramalho Ortigão apresentavam assim um dos melhores blogs que eu já li: «As Farpas». Durou até 1883. Para ler aqui.

Um post interessante

O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios.
Hoje a convidada é: Maria Gabriela Rocha, bibliotecária, 58 anos

Só para relembrar...

Vai realizar-se o Colóquio Internacional «Mozart, Marcos Portugal e o seu tempo.
Infelizmente, e contra o que eu tinha previsto, não devo estar em Lisboa nesses dias. Isso prova, sem sombra de dúvida, que prognósticos, só mesmo no fim do jogo...

02 outubro 2006

«A biblioteca é uma oficina sempre aberta»

«Não é conservar os livros, mas torná-los úteis, o fim das Bibliotecas. Estabelecimentos de ensino público destinados ao progresso da inteligência, à extensão da cultura científica; focos de intensa irradiação mental, quer na frequência da sua sede, quer na leitura domiciliária, ou na expansão das colecções móveis; instituições de objectivo pedagógico, actuando pela franca e ilimitada comunicação com o público; as Bibliotecas são sempre elemento de instrução, por mais que as suas colecções pareçam dever ser apenas alvo da avara contemplação dos bibliómanos, pois que, quanto maior for a importância das suas obras de génio, tanto maior será a acção emancipadora do pensamento, franqueando às novas gerações o caminho do progresso incessante, a conquista de mais felicidade e de mais justiça.
(...)
«O franco acesso à Biblioteca, a ampla leitura domiciliária, as colecções móveis, as salas para crianças, a leitura no caminho de ferro, nos hospitais e nas prisões (...) tem sido completamente posto à margem neste país.
(...)
«Serviram em Portugal as Bibliotecas para sequestrar o livro, defendendo o povo do pecado de saber, repelindo a criança e o operário, contrariando o estudioso, traíndo o princípio que manda reservar o volume raro, para impedir a leitura do livro emancipador, exercendo a censura sobre a requisição do leitor, anulando de facto o livro, como o fazia a Inquisição, cujo crime não era destruír pelo fogo o exemplar, mas impedir pelo fogo a sua leitura.
(...)
«Devem as Bibliotecas publicar listas de livros que possam pôr o cidadão ao corrente dos negócios públicos, habilitando-o a conhecer as leis eleitorais, as constituições, as reformas de instrução, os planos financeiros, tudo quanto é submetido ao seu exame pelas publicações oficiais, pela discussão do Parlamento e pelo programa dos candidatos ao mandato eleitoral.
(...)
«A Biblioteca é, pois, uma oficina sempre aberta.»

(D.R., Min. do Interior, Decreto de 18 de Março de 1911)