Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

27 julho 2010

Acordo entre a Direcção-Geral de Arquivos e a Biblioteca Nacional de Portugal

«A Biblioteca do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a pedido da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), com a qual desde sempre tem colaborado, vai passar a disponibilizar os seus serviços aos utentes da BNP, durante o período de interrupção temporária da Sala de Leitura Geral da BNP (15 de Novembro de 2010 a 31 de Agosto de 2011). Assim, os portadores de cartão de leitor da BNP terão direito gratuitamente a utilizarem os serviços da biblioteca do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e todas as bibliotecas dos Serviços Dependentes, que lhes permite não só o acesso à leitura presencial como o usufruto de outros serviços.

«A Biblioteca do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, composta por cerca de 50.000 monografias e 3.044 títulos de periódicos, é uma biblioteca especializada em áreas diferenciadas, tais como: arquivística; história; genealogia; heráldica; monografias locais; religião; temas olisiponenses, legislação; estatística; etc.
De salientar que cerca de 10.000 volumes constituem a designada "Série Preta", a qual inclui espécies raras e preciosas, desde o séc. XV ao início do séc. XIX.
Uma outra característica não menos importante é o facto de o acervo documental desta biblioteca ter proveniências diversas e especializadas, sendo de realçar a magnifica biblioteca e arquivo oferecida por Júlio de Castilho; o conjunto documental reunido pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses; a biblioteca técnica do ex-Instituto Português de Arquivos e as publicações pertencentes ao extinto Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, bem como um conjunto significativo de publicações produzidas pelas diferentes Secretarias de Estado, durante o século XIX.

«O Arquivo Nacional da Torre do Tombo possui ainda uma importante colecção denominada de "Manuscritos da Livraria", com obras desde o século XVI ao século XX, a qual pode ser caracterizada da seguinte forma:

- livros manuscritos (códices que apresentam uma unidade física e intelectual; entendido como produto intelectual de um autor, organizado de forma estruturada, clara e inteligível);

- códices factícios (constituídos por conjuntos de documentos originariamente independentes, mas fisicamente reunidos numa mesma encadernação, sendo frequentemente compostos por documentos de arquivo descontextualizados e reunidos numa fase posterior à sua produção, por razões alheias ao seu processo de formação e obedecendo por vezes a critérios de agregação pouco coerentes);

- miscelâneas ("códices" constituídos por vários textos, com ou sem ligação temática entre si).

«O primeiro conjunto é o mais vasto em número de volumes, sendo de diversos géneros literários e sobre os mais diversificados assuntos e temas. É importante referir que apesar de isoladamente, unidade a unidade, poderem ser descritas como unidades bibliográficas, são em última análise unidades arquivísticas porque originalmente faziam parte dos processos de requerimento para obtenção de licença para impressão, série integrante do fundo Real Mesa Censória, da qual foram desintegrados. Da mesma proveniência e tendo sofrido as mesmas vicissitudes, são os catálogos de livrarias particulares, quer de indivíduos, quer de instituições religiosas, e as listas de livros proibidos pela Real Mesa Censória.
Em número muito significativo são obras de carácter eclesiástico e de vivência religiosa: regras e constituições de ordens religiosas, direito canónico, sermões, orações, vidas de santos, crónicas conventuais, etc.

«São também muitas as obras de poesia, e peças de teatro (tragédias e comédias), textos apologéticos em a defesa de algo ou de alguém, obras sobre o direito, leis e justiça, e filosofia. Menos frequentes são os textos de carácter técnico e científico, encontrando-se algumas obras de medicina. Em maior número surgem os livros relacionados com o ensino, textos didácticos em especial sobre aritmética, português, ortografia, gramática. Neste âmbito não faltam os dicionários e alguns estudos sobre línguas estrangeiras.

«A história, a genealogia, a heráldica, as biografias e memórias, e as crónicas, são temas muito frequentes entre estes manuscritos, a par de alguns romances, alguma literatura de viagens, e alguns raros exemplos de autores clássicos gregos e latinos. Já os volumes dedicados à economia, ao comércio e à industria existem em pequena quantidade.

«O segundo conjunto de dimensão mais reduzida em número de volumes (c. 300 vol.) tem uma descrição sumária, muitos deles intitulados de miscelâneas, sem pormenorização ou informação genérica do conteúdo. Neste conjunto encontra-se muita correspondência de carácter diplomático, sendo possível indicar os nomes de D. Luís da Cunha, José da Cunha Brochado, Diogo de Mendonça Corte Real, D. João Cosme da Cunha e Távora (Cardeal da Cunha), Pedro da Costa de Almeida Salema, D. João Xavier Telles de Castro (Conde de Unhão) e Marco António de Azevedo Coutinho.

«Dos documentos recolhidos, copiados e compilados pelo Visconde de Santarém, é de referir que abrangem um vasto período da história de Portugal, incidindo nas suas relações diplomáticas com as nações europeias, no tocante ao ambiente político-diplomático europeu, e às questões dos territórios ultramarinos. Existem, também, da mão do visconde de Santarém, documentos preparatórios das suas obras sobre política, diplomática e direito português.»
(Fonte: BNP)

2 comentários:

José Quintela Soares disse...

Do mal o menos...
Mas aguardemos ansiosamente a reabertura de todos os serviços da BN.
Até lá...preenchamos as lacunas da melhor forma possível.

Jorge Afonso disse...

Só se pode reabrir o que esteve fechado, o que não é o caso presente pois a Biblioteca Nacional está a funcionar em pleno. Eu estou é desejoso de ver os actuais serviços nas novas instalações, mas essa não é a preocupação de quem mais reclama, pois basta entrar na BN por estes dias para nos assustarmos com essa imensa quantidade de «investigadores», em imensa azáfama naquela imensa sala de leitura e naqueles imensos corredores.

O que é preocupante é a Biblioteca Nacional andar a perder tempo com o trabalho que já devia ter sido feito por qualquer investigador digno desse nome, ou seja saber em Portugal quais as bibliotecas e arquivos com fundos bibliográficos disponíveis para o seu trabalho. Já só falta ouvir dizer que é «derivado ao facto» de sermos um país pobre e pequeno que só existe uma biblioteca em Portugal para investigação e que essa é, em exclusivo, a Biblioteca Nacional. Do mal o menos, assim ficamos a saber, afinal, que existem outras muitas hipóteses.